terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

FLORIANO MARTINS | Alguns livros virtuais




Esfinge insurrecta - Poesía en Chile | Floriano Martins y Juan Cameron

Reunião de textos críticos (ensaios, enquete, resenhas, entrevistas) escritos e organizados pelo brasileiro Floriano Martins e o chileno Juan Cameron, este livro conforma um painel rigoroso e amplo da tradição lírica chilena ao longo do século XX. E como bem definem seus autores logo no início, trata-se de uma contribuição à ideia de um mundo compartilhado por todos.

http://www.bookess.com/read/19142-esfinge-insurrecta-poesia-en-chile-floriano-martins-juan-cameron/

Acesso gratuito



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O hábito do abismo - Entrevistas com Floriano Martins | Org. Márcio Simões


Este livro reúne 24 das mais destacadas entrevistas dadas à imprensa em vários países pelo poeta, ensaísta, editor e tradutor brasileiro Floriano Martins, criador da Agulha Revista de Cultura. São diálogos realizados entre 1989 e 2010, organizados e prefaciados pelo poeta e tradutor Márcio Simões.

http://www.bookess.com/read/19007-o-habito-do-abismo-entrevistas-com-floriano-martins-de-marcio-simoes/

Acesso gratuito





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La efigie sospechosa, de Floriano Martins

Poemas y ensayo fotográfico | Prólogo de David Cortés Cabán | Conversa en el epílogo con Alfonso Peña | Modelo en las fotos: Dheyne de Souza | Traducción Marta Spagnuolo | Diseño gráfico y de cubierta: Ernesto Bolaños. | Imagen de cubierta: Floriano Martins | ISBN 978-9968-929-32-5 | Ediciones Andrómeda San José, Costa Rica, 2010. | Edición virtual a cargo de ARC Edições © 2013 | Fortaleza, Ceará, Brasil | Circulación, Bookess.

http://www.bookess.com/read/19022-la-efigie-sospechosa-de-floriano-martins/

Acesso gratuito





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sábado, 14 de fevereiro de 2015

JOSÉ CASTELLO | Literatura e vida

Na declaração coletiva que emitiram em 27 de janeiro de 1925 - lá se vão noventa anos! -, os surrealistas franceses de Breton, Artaud, Aragon e tantos outros afirmam dois princípios cruciais. Primeiro: "Não temos nada a ver com a literatura". Segundo: "O surrealismo é o meio de libertação total do espírito". Reencontro as duas ousadas propostas durante a leitura de "Sobre o surrealismo", ensaio de Aldo Pellegrini (Sol Negro Edições, Natal, RN). A declaração dos escritores surrealistas franceses (copio Pellegrini) termina assim: "O surrealismo não é uma forma poética. É um grito do espírito que se volta para si mesmo decidido a pulverizar desesperadamente suas travas". Tem a aparência de uma luta contra os escritores e sua escrita. Neles aplica, na verdade, uma injeção de vigor.
Ainda hoje muitos acreditam na "literatura pela literatura", crença que a afasta do mundo e que nos rouba um potente instrumento de interpretação e convívio com o real. Mas, lembram os surrealistas franceses, "o canto pelo canto em si não existe (nem mesmo nos pássaros)". Todo canto - poesia, mas também ficção - carrega sentimentos de amor, de ódio, de cólera, de desejo de viver, de desespero, de angústia de morte. Esse canto não se limita a "explicar" as coisas mas, ressaltam ainda os surrealistas, "é parte vivente do homem". É a vida que se entrega como poesia - e, portanto, quando falamos de literatura, é da vida que, mesmo sem perceber, continuamos a falar.
     Ainda hoje não é fácil defender essa ideia porque os "práticos" e apressados logo pensam na literatura panfletária, ou engajada, e a excluem. Logo reduzem a afirmação a uma palavra de ordem. Não suportam, assim, a notícia espantosa que ela carrega. Lembra Pellegrini que a obsessão pelo vital não é exclusiva do surrealismo. Na verdade, ela se espalha por toda a literatura: ela é parte essencial da literatura. Isso se excluímos a literatura escrita burocraticamente, ou que se ampara na busca dos efeitos pragmáticos. Talvez hoje as obras dos surrealistas pareçam um tanto ultrapassadas ou, pelo menos, datadas. Mas suas ideias, mostra Aldo Pellegrini, guardam o mesmo vigor. Elas não envelheceram. Estão, talvez, reprimidas pelas obsessões "objetivas", isto é, aquelas que só consideram os resultados imediatos. Mas continuam aí.
     Em um mundo que se torna cada vez mais incompreensível, a literatura, com seu olhar expandido e sua vivacidade, está aí para nos ajudar a viver. Ela afirma a importância da imaginação que, em vez de ser disfarce e cegueira, como muitos ainda pensam, é um instrumento de ampliação do real. Admite Pellegrini: "A importância dada à imaginação, ao mundo fantástico e ao dos sonhos, pode levar a crer que o surrealismo significava um mundo de evadir-se da vida". Ao contrário, ele diz, o surrealismo enfatizava a necessidade de penetrar na vida para "explorar todas as suas possibilidades". Necessidade que, muito além das escolas e dos grupos literários, é cada vez mais forte.  





[Jornal O Globo. Rio de Janeiro: 02/11/2015]